quarta-feira, 29 de junho de 2011

Brasileiro patriota?

Mais raro que urso polar albino. Já viu algum?????

"Quando deus estava dispondo os problemas pelo Mundo, para que o próprio tivesse graça, foi questionado: No Japão tsunamis, na Europa terremotos, nos EUA terremotos e vulcões, no Chile terremotos....e no Brasil nada?? Respondeu de pronto: Calma, você vai ver o povo que eu vou por lá"

Essa piadinha parece ser bem exagerada, mas quando se fica algum tempo vivendo a cultura de outro país, mais civilizado, vemos que não é nada diferente da realidade. Estou há uma semana em Barcelona, tirando uma mini-férias antes de um congresso científico (mais uma vez sem NENHUM apoio do Brasil, só da organização, que é internacional). Desta vez optei por ficar bastante em uma só cidade, que turisticamente é bem completa, e mesmo depois de uma semana não deixa um minuto do meu dia vazio. Mas o papo é outro...

Por que falei de patriotismo? Por que é muito comum ver brasileiros viajando pela Europa, orgulhosos com as camisetas da seleção de futebol, falando português bem alto e achando o máximo ser brasileiro. Eu tenho vergonha. Fico feliz por que os estrangeiros de maneira geral nos adoram, afinal temos qualidades, mas quando algum, mais bem informado, me indaga sobre os problemas e a situação do Brasil, a vontade é cavar um buraco e pular dentro.

E o patriota? Esse cara com a camiseta é patriota? Com certeza não. Patriota é o gringo que vive em um país com respeito e igualdade, sem roubar o dinheiro da saúde e da educação. E ele não anda por aí felizão mostrando a bandeira do país dele. Ele apenas sabe que o que faz é certo e que onde ele vive as pessoas se respeitam e GOSTAM DO PRÓPRIO PAÍS! O brasileiro não. Fazemos tudo errado, não nos respeitamos, não temos capricho no que fazemos... e por que? Por que gostamos de aparecer. Nossa imagem é só o que importa. A camisa amarela e a cara de malemolente é o que vendemos... por cima da ignorância, da maldade e do egoismo.

Gostamos tanto de aparecer que somos alvo econômico do mundo: Leiam este post, recomendado por meu amigo Alberto. Dá vontade de chorar.

Por isso que eu acho tão raro os brasileiros patriotas... E já que o blog é sobre triathlon vou dar um exemplo que com certeza não tem o reconhecimento devido: Semana passada o Roberto Carlos, triathleta PNE da cat. TR4 foi o 3o colocado no Campeonato Europeu de Triathlon. TERCEIRO!!!! Se fosse a Olimpiada era BRONZE, PORRA! Agora veja se isso tirou algum segundo sequer do espaço televisivo do topete de calopsita do Neymar. Por que??? Por que um jogador de futebol metido a pop star tem uma IMAGEM mais agradável ao brasileiro do que um pai de familia, sem um braço, que faz um esporte que poucos conhecem. *

Se vocês vissem o respeito que os atletas tem por aqui ficariam boquiabertos. Para qualquer modalidade existe incentivo. E se o cara chega ao nível internacional tem todo suporte. Ele pode não viver do esporte, mas sempre terá apoio em viagens materiais e etc. Cultura existente bem antes da Olimpiada de 92, que só melhorou a coisa por aqui. Equipe de Barcelona treina triathlon onde?? Natação: mar e Parque Aquático Olímpico; Pedal: Parque Olímpico e Velódromo Olimpico; Corrida: Parque Olímpico e Estádio Olímpico. Tudo público. Só é preciso comprovar ser morador e ser atleta de alto rendimento.

Quando mudaremos? Não sei mesmo, certamente não estarei mais aqui. E como mudaremos? Respeito acima de tudo, da hora que saímos até a hora que voltamos para casa. Não temos que interferir na vida de ninguém, mas ninguém pode interferir na vida social da cidade. Temos que cer chatos e cobrar os erros que vemos, na hora. Viver em sociedade não é oba-oba, não é floresta. É reciprocidade. Queremos o bem e fazemos o bem.

Falando em números: Mais uns 100 anos.

Antes pudéssemos viver em anarquia, que tem como significado resumido um convívio social sem a necessidade de regras, leis e governo, pois o povo atingiu o máximo em respeito mutuo e abnegação da individualidade. Mas isso só existe no papel pois nem aqui rola....

Um Gaudí para todos.

Abrax.

PS: Em breve posto a respeito do Bicing, sistema de bikes comunitárias que resolveu o trânsito de Barcelona. Junto com o metrô, é claro.
* Ainda fico sabendo que dias antes da prova, já em Pontevedra (ESP) o Roberto caiu da bike e ficou desacordado. Passou 24 em observação... e ainda sim foi terceiro!!! Imagina só, Ronaldos da vida tem convulsões do nada, imagina caindo da bike.... Robertão, sou seu fã!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Tempo x dinheiro no esporte.

Papo reto: Vocês já repararam que quanto menor um evento esportivo mais dinheiro ele capta? Não??

- Boxe: US$ 50 milhões - Pode durar segundos.
- MMA: US$ 20 milhões - Pode durar segundos.
- Time Campeão Champions League - E$ 126 milhões - 1:30 a 2:00 horas (não tem prorrogação).
- Equipe Campeã da F1 - US$ 138 milhões - no máximo 1:30 horas.
- Campeão de Winbledon: US$3 milhões - 1:30 a 5:00 horas.
- Campeão da Dextro Energy Series: US$ 150 mil - perto de 2:00 horas.
- Campeão do Ironman Hawaii: US$ 100 mil - Não menos que 8 horas.

Logo já lembro que não há nada de errado com o fato de os outro esportes serem milionários, afinal foram muitos anos (mais de 100 no caso do boxe e futebol) de tradição para tal. Mas e o nosso esporte? Por que paga tão pouco se somos um numero muito maior (sim!) de praticantes do que MMA, Boxe e F1???

A resposta é simples e já foi pincelada por diversos outros blogueiros do triathlon, como o Ciro e o Max: NÓS não consumimos nosso esporte. Não vamos assistir uma prova sem que participemos dela, não compramos um pay-per-view (na net, por merréca), quando passa algo na tv não nos programamos para assistir e assim, forçar uma melhora no horário, e por aí vai.

Veja, sou totalmente avesso ao capitalismo, principalmente ao desmedido. Quando digo consumir o esporte é COLETIVAMENTE, e não apenas comprando bike, tenis e etc, coisas que fazem crescer a industria muito antes do esporte.

O ciclo é: Mais gente ENVOLVIDA (1000 largando e 4000 assistindo) maior o interesse economico no esporte, mais patrocínios para o atleta (!!!), mais eventos (!!!!), mais interessados em praticar (!!!!!!!!!).

A TV Tribuna, de Santos, as vezes transmite o SP Open de Biathlon, quem não pode ver ao vivo, assista pela net. A demanda pelo video online faz eles se interessarem por novas transmissões...e os comentário são do Miyashiro!!!

Vamos ser mais presentes! Vamos assistir as provas mesmo que não participemos delas! Quem sabe um dia tenhamos na manhã de domingo a opção de assistir os Brownlee e o Gomez se matando até o último segundo ao invés da mesmice da F1. Ou ainda poder acompanhar, durante o dia todo em flashs ao vivo, o Ironman Hawaii, com transmissão completa da natação e da maratona.

Abrax.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O grande erro dos GPS

Primeiramente gostaria de parabenizar a galera que fez o Ironman no fim de semana passado. Ótimos tempos e uma linda prova, parabéns!

Bom, venho falar a respeito de uma probleminha que TODOS os GPS tem e que acabei descobrindo na minha carreira como geólogo: correção da distância percorrida em um aclive/declive.

Antes de mais nada vamos falar um pouco sobre esse aparelho que está cada vez mais perto de nós. Em resumo, ele funciona captando os sinais de 3 ou mais satélites e fazendo um calculo de triangulação, aponta nossa posição no globo. Com a capacidade de calculo aumentada, estes aparelhos são capazes de fazer este calculo muitas vezes por minuto, permitindo que tenhamos dados como velocidade, média de velocidade, etc. Os problemas começam quando comentamos sobre o erro de posicionamento que os GPS tem, de ~ 6 metros. Esse erro é um ruido proposital inserido em todos os satélites pelo governo dos EUA, para que o inimigo não possa jogar uma bomba com precisão milimétrica. No fim das contas esse erro não muda nada para ninguém... bem quase ninguém. Geólogos, geógrafos e atletas sentem estes efeitos.

No caso dos geocientístas, o erro não permite a geração de mapas com precisão métrica com a facilidade que seria possível sem o erro, e para os atletas (até que enfim!) as distâncias em locais com relevo tornam-se imprecisas.

O erro de ~ 6 metros ocorre no plano e na vertical, e quando estamos subindo, ou descendo, o GPS acumula o erro, relatando um percurso com se estivéssemos em uma escada. Se observarmos a figura abaixo veremos que a diagonal (nosso percurso ao subir e descer) é maior que os lados (que é o que o GPS leva em conta).

Bem, infelizmente o GPS não compensa o erro da subida na descida, ou vice-versa. Ele acumula o erro e distorce mais ainda o resultado. O fator mais afetado por este erro é a distância e assim os cálculos de pace. Normalmente o erro acusa maiores metragens, mas isso depende de condições de recepção, local e satélites disponíveis.

O treinador norte-americano Joe Friel vive mandando críticas para alguns fabricantes de GPS, mas a resposta é sempre a mesma: Enquanto os EUA não tirarem o ruído que causa o erro, não há como corrigir tal problema.

O método mais preciso para medir distâncias ainda é a roda. Bem aferida, com todas as medidas conhecidas, é o dispositivo ideal para aferir oficialmente as distâncias. Assim, um bom odometro ou um medidor de potência (também utiliza uma roda para calcular) são mais precisos que um GPS.

Abrax.