quarta-feira, 21 de março de 2012

Mais corrida minimalista... e marketing?

Acabou de sair no New York Times: http://well.blogs.nytimes.com/2012/03/21/making-the-case-for-running-shoes/

Leiam e tirem sua próprias conclusões.


O texto trata de um artigo recém publicado no Journal of Medicine & Science in Sports & Exercise. Ele mostra dados e, em resumo, diz que correr com um tênis super leve é mais eficiente do que correr descalço.

Até aí, tudo certo. Eu mesmo já tinha concluído isso... Mas os cientistas cometem um sútil erro que não pode ser cometido em uma pesquisa. Ele revela a marca e o modelo do tênis... por acaso Nike.

Para mim a pesquisa se enterrou aí. Primeiro pelo erro de divulgar uma marca em um ponto crucial do experimento, depois por que a Nike é velha conhecida "criadora de necessidades que não temos". O que ficou parecendo é que: Agora que todos querem correr sem tênis, vamos mostrar que isso não é o ideal, devemos usar tênis baixos para correr, e nós temos o melhor de todos. E você deve usar o Nike, que foi o tênis usado na pesquisa.

Manipulação de pesquisas científicas para distorção e promoção comercial é uma infeliz realidade no mundo.

Na minha pesquisa, só aceitaríamos patrocínio ou apoio (isso nunca acontece, tá?) de marcas que não estejam envolvidas no objeto de pesquisa. Por exemplo: Sou geólogo e preciso saber a idade das rochas de Bonito (MS), minha área de pós. Aceito o patrocínio da TAM e da Localiza para me prover passagem e carro para chegar lá, mas nunca o apoio ou patrocínio do BETA, laboratório onde as idades serão obtidas.

Fiz questão de fazer este post para que tenhamos cuidado com o que mostra ser a última palavra em um assunto, a pesquisa. Temos sim que levar em conta nossas experiências individuais para tirarmos conclusões, a final é desta forma que o conhecimento é construído, agregando e não apenas absorvendo.

Por isso, apesar de cientista, nunca vou trocar uma boa conversa com outro atleta ou um treino com alta concentração e observação por uma pesquisa. Meu ciclo se baseia em estudo, preparação teórica, treino e ajuste da teoria. Sempre.

Talvez se um dia alguém fizer uma pesquisa com triathletas que correm short, tenham 15% de gordura, treinem e trabalham, tenham asma, hipotiroidismo, eu aceite prontamente as conclusões. Estou a disposição para ser a cobaia!

Abrax.

PS: Em breve um texto polêmico que ainda não ví pelos blogs brasileiros: Repositor hidroeltrolítico serve para várias coisas, menos para repor sais na taxa que gastamos.

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