Mais um jogos chegando ao fim. Tão importante no país sede dos próximos jogos que o o campeonato nacional de futebol nem foi interrompido. Gosto de futebol sim, mas nem sei do meu time pois o respeito pelos jogos é muito maior. Temos sorte de cada medalha que ganhamos.
O pódio do triathlon masculino e feminino não foi sorte. Foi um preparo perfeito dos atletas, desde sempre. Ali Brownlee treina para estes jogos desde os 12 anos, desde antes de saber que seria em sua casa. Isso é preparação olímpica. Só um campeão mundial constante tem condições de se dar bem em um evento único. Isso é estatística, não ciência do esporte.
Os jogos tem despertados fortes emoções em quem vive o espírito olímpico no dia a dia e não estão aguentando ouvir tanta ignorância do povo desprovido de cultura que é o brasileiro. Cultura geral e esportiva. Caras como Rafael Farnezi e Ciro Violin escreveram ótimos textos a respeito da situação do atleta brasileiro nos jogos olímpicos. E sem dúvida vou engrossar o coro.
Esses profissionais são muito, mas muito mais dedicados e éticos do que a maioria dos profissionais brasileiros de outras áreas. Trabalham o tempo todo em péssimas condições, sem estrutura física e psicológica para serem expostos a situações de stress a que poucos profissionais são expostos.
Nossas medalhas são sorte. Poucos tem estrutura de treino de nível. E digo isso não para o pré-jogos, digo isso para a carreira toda. Poucos são patrocinados de maneira justa, que dê tranquilidade. E o pior poucos tem o esforço reconhecido. A ausência de choro da Sarah e do Arthur no pódio olímpico significa que eles são fortes psicologicamente, que foram preparados para chegar e ganhar ou chegar e perder. Eles tiveram muita sorte. Não sei se foi sorte de nascerem fortes ou de serem preparados corretamente, mas no Brasil, os dois casos são sorte.
Como reclamar de um atleta que chegou em uma olimpíada? Como reclamar de um semi-finalista???? Quem critica uma atleta olímpico é no mínimo uma pessoa fracassada que ataca os outros para que não sejam vistas suas fraquezas e limitações. Uma pessoa que se acha a maioral, dentro de seu mundo paralelo. Uma pessoa que não tem a capacidade de ver o mundo e perceber que existe muita gente se esforçando para conseguir a mesma coisa e que na hora da decisão qualquer um pode ganhar. Quantos destes brasileiros tem sucesso profissional internacional??? Vocês são um câncer na nossa sociedade, um câncer de atraso, um câncer de injustiça, um câncer de ignorância, um câncer que é a cara do Brasil. Um câncer que só será curado quando esta geração toda morrer e uma outra, pouco contaminada e revoltada com o que vê passar a ser o que representa o país.
E como disse no primeiro parágrafo, não se dá a mínima para os jogos. Nos jogos daqui não será muito diferente. Provavelmente termos mais medalhas pela motivação de se estar em casa, mas nada parecido com o que o Reino Unido está fazendo... um lugar com uma população 3 x menor que a nossa.
Sorte olímpica é ter um Bolt ou um Phelps, atletas fora do normal. Mas sucesso olímpico não é feito destes "anormais", é feito de atletas esforçados e que sejam apoiados e suportados desde o início de suas carreiras, com educação e apoio financeiro. Para que na hora das decisões ele não pense no que acontecerá se ele perder a luta, se ele perder o patrocínio por não ganhar, em como ele ajudará sua sofrida família... É isso que derrota um atleta brasileiro, é isso que o nosso povo educado pela tv chama de amarelar.
Abrax.
PS: Meu caso
Em 2010 senti esta sorte. Sorte de ter nascido em uma família estruturada que me permitiu uma formação profissional de nível internacional: chego em congressos de igual pra igual. Em alguns os trabalhos repercutem e outros não, mas eu estou lá, todo ano. Assim como os jogos olímpicos, a cada 4 anos temos o maior congresso da área, e em 2010 eu digo que fui ouro. No mesmo ano, contra minha asma, meu hipotiroidismo e minha síndrome metabólica cheguei no Mundial de Aquathlon, treinando sozinho, e sem apoio financeiro algum a não ser meu próprio bolso. Cheguei lá atrás, mas quem estava lá sabe como foi difícil. Sorte novamente de ter tido o esporte na minha vida, e apesar destas pequenas doenças, ser muito saudável, dando poucas despesas para o sistema de saúde e podendo fazer o que mais gosto.
Esse sucesso profissional e pessoal, no Brasil, são pura sorte... uma sorte muitas vezes triste. Uma sorte que me faz pensar no meu país antes de uma apresentação em congresso e ver que é possível sim, que somos iguais, e que ninguém é melhor do que ninguém. Minha estrutura psicológica me deixa em paz mesmo com estes pensamentos, mas tenho colegas brilhantes que não conseguem fazer o mesmo e se expor, pois nem todos os brasileiros tiveram a sorte "completa" que eu tive. Ninguém fala que eles amarelaram....
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