sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Somo o que fazemos.

Apesar da vida continuar meio acelerada, ontem achei um tempinho pra treinar mais e, imbuído do espírito multiesporte de um Rapanui, fiz um aquathlon freestyle divino. A vontade de voltar a 100% é muito grande, mas ainda tenho que dar 2 passos na minha vida para sossegar para o resto dela toda. Não posso me queixar de estar sem fazer um ciclo de treinos descente a quase um ano: Tudo indica que vou arrumar minha vida, pra sempre em no máximo 2 anos.

Aí já viu, treino que sai com o atleta empolgado é melhor que prova! Cabeça fervendo, ruas vazias, piscina da academia vazia, tudo de um jeito ótimo para refletir.... ainda mais para mim, um ser que anda muito decepcionado com a espécie humana.
Tirando a decepção trivial, que muita gente também tem, tenho me sentido sozinho no mundo onde, eu pensava, existiam relações sociais saudáveis entre as pessoas. Não estou falando de um mundo utópico onde todo mundo é feliz. Falo de um mundo onde todos tem problemas, mas o mínimo de respeito e cordialidade é usado. Um mundo onde o mínimo de ética é usado. Mas meu mundo anda bem pequeno e eu não anda vendo nada disso.

Nado no mesmo lugar a 3 anos. Não conheço ninguém da piscina. Sabe o que é ninguém? Sabem o que é cruzar com as mesmas pessoas pelo menos duas vezes por semana, falar boa noite para elas e em 1 de 20 vezes receber um "valieu" de volta? Desculpem, não sou assim..... Venho de um lugar onde eu cumprimentava todos os dias as pessoas que eu não gostava (elas de mim tão pouco) e a cordialidade e o respeito era recíprocos. O povo da piscina de hoje eu nem tenho a oportunidade de conhecer. Papos exclusivos, fechados em parábolas machistas, em vantagens e lendas sobre natação. A exclusão aumenta mais ainda por que eu não abro a boca e apesar de ser um nadador mediano, 27 anos de natação fazem você ter um comportamento distante de quem nada por recreação. Sinal de admiração e aproximação para troca de experiências? Não. Pior. Reação de uma criança de 10 anos que ao ver você nadando bem, com ritmo, começa a apostar corridas de 1 piscina para provar que pode chegar na sua frente... pelo menos de vez em quando e durante uma piscina....

Junto a este fato outro que tomei conhecimento no blog do Bessa. Uma pessoa que acompanha abertamente as discussões dele e lê o que ele escreve tem a cara de pau de plagiar o conteúdo dos seus textos sem nenhuma cerimônia. Dá pra ter calma e achar que tudo bem??? E o pior, o fim ão só a auto-promoção as custas de outra pessoa, mas o uso da audiência de tais textos para obtenção de dinheiro...
Já escrevi sobre os posers aqui no blog ( e por falar nisso, o nosso glorioso Luciano Huck sumiu do esporte... :o) ). Mas tem gente que anda indo além disso. Além de posar e apresentar algo muito distante de sua realidade, ainda tenta intimidar ou mesmo anular outras pessoas que tem o mesmo gosto ( e nenhuma ganância) sobre o esporte. Com as atitudes que relatei, esperam afastar o maior número de pessoas do esporte para que eles sobressaiam. Essa atitude mostra medo e consciência de sua própria incapacidade...

Posers: vocês nunca serão. Jamais serão. Podem já ter feito o Ironman da Lua, vão continuar a ser bem menos atletas de que nunca correu no Hawai mas entende perfeitamente a vibe do esporte naquele lugar.

"Gente grande, sabe que é pequena e por isso cresce. Gente pequena acha que é grande acha que o único jeito de ela crescer é diminuir outra pessoa" Mario Sérgio Cortella

Abrax.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

IEL - CBF: ridículo vira facismo

CBF quer cassar cidadania brasileira de Diego Costa: ridículo vira fascismo

Mário Magalhães

Diego Costa: que o deixem em paz - Foto reprodução UOL
Diego Costa: que o deixem em paz – Foto reprodução UOL

( O blog agora está no Facebook e no Twitter )
Enquanto a Confederação Brasileira de Futebol, por meio de cartolas e membros da comissão técnica da seleção, espernear contra Diego Costa, permaneceremos no terreno do ridículo. Ninguém estranha, já nos acostumamos. O jogador decidiu defender as cores da Espanha, e não as do Brasil (leia aqui).
Caso se confirme o anúncio de ação no Ministério da Justiça para cassar a cidadania brasileira do futebolista nascido em Sergipe, o cenário mudará de figura: a entidade promoverá perseguição covarde, com tempero xenófobo e cheiro fascista.
De acordo com o repórter Jorge Luiz Rodrigues (aqui), o diretor jurídico da CBF, Carlos Eugênio Lopes, veterano dos anos de Ricardo Teixeira no poder, disse que a entidade retaliará o atacante do Atlético de Madri: “O presidente (José Maria Marin) me autorizou a instaurar um procedimento no Ministério da Justiça, pedindo a perda da cidadania brasileira, que Diego Costa repudiou”.
Curioso. E quando Felipão e Parreira comandaram equipes de outros países, teriam repudiado sua terra natal? Ou Deco e Pepe, defendendo Portugal? E Mazzola, que atuou em Mundiais por Brasil e Itália? Idem Cacau, que envergou a camisa alemã. E por aí vai.
É inacreditável que em pleno século XXI seja preciso contestar gente primitiva que não reconhece o direito de um cidadão manter dupla cidadania e escolher por que país jogar. Pode-se divergir da opção de Diego Costa, mas sua legitimidade é inegável. Bem como a legalidade, pois a Fifa mudou as regras.
Em vez de se enrolar com discursos patrióticos trapalhões, a CBF deveria ficar mais esperta. Thiago Alcântara, hoje no Bayern de Munique, quis defender o Brasil, mas a “nossa” confederação não lhe deu pelota, e o craque fechou com a Espanha, aonde chegou novinho.
Felipão afirmou que Diego Costa deu “as costas para um sonho de milhões”. E daí? Se vier em 2014, reforçará o sonho de milhões de espanhóis.
A cartolagem alardeia que compraram o passe do atacante, subornaram sua consciência, que ele se vendeu por dinheiro. É uma tentativa pueril de desqualificá-lo.
Em meio à baixaria, mais uma vez a voz serena vem de Parreira, que vê tudo muito natural.
Diego Costa tem o direito de fazer o que quiser. Torcerei muito para ele e a Espanha perderem para o Brasil, que tem Neymar, que vale uns 20 ou mais Diegos.

sábado, 14 de setembro de 2013

Um não sem sentido.

Burocracia. Uma prática amada no Brasil, que acaba aos poucos com as pessoas e com a suas vontades de mudar o país. Bem, escreve este texto de dentro de uma avião, retornando ao Brasil diretamente de Londres, na véspera do Campeonato Mundial de Aquathlon e a alguns dias da Grand Final de Triathlon, onde havia sido convocado para atuar como árbitro auxiliar.

Politicamente sou contra a realização dos dois eventos, copa e olimpíadas, no Brasil, simplesmente por achar que nós não merecemos socialmente. Não pretendo ir a nenhum jogo da copa e nem da olimpiada, mas tenho uma responsabilidade que independe das minhas convicções políticas com relação ao nosso país, pois é um representação sem bandeira. É uma participação junto a pessoas que acreditam na paz e no poder de transformação do esporte. Eles não merecem os problemas do Brasil, pois estão vindo aqui com as melhores intenções.

Mudei de emprego a pouco tempo e imaginei que, estando em um emprego público, poderia fazer mais pelo local onde vivo. Poderia, se deixassem. Recebi a tal convocação e ví que seria capaz de concilia-la com um congresso científico, que ocorreu uma semana antes, e onde eu estaria a serviço da universidade onde trabalho. Para esta solicitação, nem se houve discussão: autorizado. Claro e coerente. Mas para a outra... burocracia e não.

Um não em cima de uma carta assinada pela CBTri, com aval do COB e do Comitê Organizador dos Jogos de 2016. Sim, o próprio governo do Estado do Rio de Janeiro não apoia os esforços que estão sendo feitos para a realização da Olimpíada no Rio. Pedi somente 5 dias de afastamento, sem comprometer aulas e nenhuma outra atividade que executo, em prol do evento esportivo mais importante que o país já recebeu. Pedi a um órgão do governo do estado que vai receber a Olimpíada e ouvi um não.

Essa é a mesma burocracia cega, que me usa como exemplo de cumprimento a risca das normas internas, que permite que vereadores que se opunham a uma CPI seja os membros da mesma. O Brasil precisa mudar, com força, com retidão e com coerência. Sem dois pesos e duas medidas.

Isso não me abala. Não me desencoraja. Eu sei que minha vontade é maior que a mente obscura de que nos governa. Sei que tem muitos pensam e agem como eu.


Abrax.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Estamos VIVOS: Grand Final ITU 2013 e Bomba.

Pois é, estamos vivos.

Estava difícil escrever nos últimos meses, mas o post do Xampa sobre a morte dos blogs me fez dar uma paradinha na vida chata e fazer algo legal de novo.

Apesar de ser um post meio "querido diário", serve para tirar as teias de aranha... aliás algo que eu ando   fazendo ultimamente. Voltei aos treinos. Bem de leve, mas voltei. Ainda falta um pouco mais de seriedade, ainda mais com o inverno não colaborando, a barriguinha sem-vergonha dando as caras e tudo mais. Mas isso é uma questão de tempo.

Apesar desta parada, a atuação como DT da ITU continua de vento em popa! Vou para a Grand Final de Londres como DT! Não sei ainda em qual dos eventos atuarei, provavelmente não será nos de Elite Tri (não tenho credenciamento para isso na Grand Final) mas de fato estarei lá. Espero muito estar na prova de Aquathlon, pois o carinho por essa modalidade é imenso. Assim que atuar, farei um post específico.

E para fechar, um assunto que tem voltado inocentemente a tona com algumas reportagens de como o Barcelona irá "investir" na melhora do físico do Neymar... Um papo aranha que só pode ter êxito com anabolizantes. E, para todos, tudo bem.

A coisa neste âmbito veem engrossando, e em breve teremos um novo escândalo.... Voltarei com mais em breve.

Abrax.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Chega.

Chega.

Até estou treinando, mas não vivo em uma bolha pra ignorar o que se passa no país.

A repressão absurda a um grupo que dizia não ao aumento de passagens gerou uma onde de protestos que está mostrando pro brasileiro que ele pode sim ser o dono do país.

As ruas foram ocupadas. As cidades foram ocupadas. O povo saiu da sua realidade paralela e foi pra realidade coletiva. E ela é bem ruim. Trânsito, transporte caro e ruim, falta de hospital, de escola, abuso dos políticos.... e até agora todo mundo ficava quieto. O maior mal do brasileiro é a omissão.

Mas isso está mudando. Um problema de cada vez. Vamos revogar esse aumento e na semana que vem cair em cima da PEC37. E não vai para mais: Feliciano, julgamentos de políticos, cumprimento de metas de campanha. Vacilou paramos as cidades. Vai ser assim agora.

E o movimento vai crescer. Por que ele não tem partido, ele não tem líder. Ele tem o bem comum apenas. E isso, a maioria dos brasileiros quer.

Todo mundo queria uma potência? Você vão ter, mas nos modos do povo. Com igualdade, liberdade e justiça.

A quanto tempo eu ansiava por esse momento. Quantas vezes eu via uma injustiça e pensava: Temos que ir pra rua... cadê o povo? E o povo veio.

Na hora que cobrar os políticos virar rotina, eu volto a falar de esporte.

Por enquanto,

A rua é nóis (EMICIDA)

terça-feira, 4 de junho de 2013

Ética $$$$??? - IEL


Mentiras$Mentiras$Ética 0

Juca Kfouri


Então o Barcelona, segundo o próprio Barcelona, antecipou, em novembro de 2011, R$ 28 milhões para Neymar, com o conhecimento do Santos?
Então Neymar e o Santos mentiram durante mais de um ano?
E, mais grave, porque mentir é praxe no mundo do futebol, Neymar disputou a final do Mundial de clubes contra o próprio Barcelona, em dezembro de 2011, já vendido ao clube catalão?
E ninguém vai preso?
Porque se o Santos também foi enganado tem a obrigação de acionar o Barcelona na Fifa.
Se calar, consentirá.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Realização triatlética.

Comecei no triathlon há 12 anos. Informalmente, até ficar sabendo de uma prova curta (eu achava que triathlon era só na metragem Ironman) feita na cidade de origem da minha família, Porto Ferreira. Lá fui eu com minha Caloi 10 para começar algo que entraria no meu sangue.

Foram shorts, olímpicos (odeio essa metragem!), meio iron e um iron. Tempos melhores a cada temporada, qualidade de vida, amigos... Achava que estava no meu máximo. Realmente, fisicamente estava. Sou um cara com alguns probleminhas de saúde que limitam um pouco minha performance. Mas a mente queria mais.... A minha meta de perfeição em tudo queria mais. Não bastava ter a execução perfeita dos movimentos, eu sou mais lento. Não bastava uma transição tão rápida quanto os prós, eu sou mais lento. Mas isso me bastou? Não.

Em outubro de 2010, atravessando uma ponte sobre o rio Danúbio, em Budapeste, na companhia de Rafael Farnezi e Guilherme Lima, ouvi o Beto Menescal, da CBTri, comentar como estava difícil a composição de um quadro de oficiais técnicos (algo parecido com árbitro) de triathlon no Brasil. Olimpíada a vista e nem tínhamos gente para fazer os eventos teste...

Ao voltar para o Brasil liguei para a SPTri e comecei a ajudar do jeito que podia. Tendo idéias, atendendo solicitações, a coisa foi andando. Sempre conversando com a CBTri para deixar claro que eu queria ajudar, de qualquer jeito, em qualquer situação eu queria devolver a alegria que esse esporte me proporciona. A coisa começou a andar sozinha... Vários paulistas de duathlon, provas promocionais, brasileiro de duathlon e triathlon. Até chegar a um Panamericano. E nesta prova estar trabalhando lado a lado com o grande Hilton Lopes, organizador da primeira prova que participei e que está fazendo um belo trabalho com nossos paratletas, foi algo muito especial.

A convocação veio da PATCO, braço continental da ITU. Eu estava me dedicando o máximo possível e fui lembrado. Tinha que dar tudo. Demos tudo. Eu e todos que estavam em João Pessoa neste fim de semana. O sucesso foi o de uma orquestra. Acredito que os problemas percebidos não representam 10% do que vimos. E não forma percebidos por que os solucionamos. E como prêmio, João Pessoa ganhou uma etapa de World Cup em 2014. Parabéns para a FEPTri e CBTri, e a todos que lá estavam.

Eu me sinto realizado. Pois ajudei em um evento de alto nível, que deu condições perfeitas e justas de competição a todos que lá estavam. Tudo deu muito certo, tão certo que os atletas não nos viam, não sabiam onde estávamos. Essa é a ideia, as estrelas são eles.

É a minha forma de estar neste meio de estrelas. Ajuda-los, e ver de muito perto, estes sobre-humanos, fazendo coisas fora do normal. Talvez um dia eu realize um sonho: ir a uma Olimpíadas.  Pode parecer bobagem, pois é claro que gostaria de representar o Brasil como atleta, mas tenho o sonho de ir sem uma bandeira, como um cidadão do mundo, em um momento em que as fronteiras e as brigas somem. Um momento utópico que se torna realidade por algumas horas a cada 4 anos.

Agreguei mais um circulo de amizades e de realização. Podem ter certeza que sempre darei tudo de mim para que essa minha nova empreitada faça o esporte melhor a cada dia. Digo isso sem esperar nada em troca. Quero que este esporte maravilhoso cresça, e que as pessoas aprendam com ele o que eu aprendi. Lições que me ajudam muito na vida, lições de amizade, garra e saúde.

E digo também que não parei de praticar!!! Estou saindo de um período turbulento de estudos e trabalho árduo, para um período de realização profissional, com um pouco mais de flexibilidade de horários, o que me permitirá voltar a forma.

No segundo semestre, me aguardem!

sexta-feira, 8 de março de 2013

Drogas no esporte e drogas na vida

Esta semana mais uma pessoa ilustre foi levada pelas drogas. Apesar de sempre falarmos delas no esporte, elas fazem muito mais estrago na vida normal do dentro das pistas e campos.

Parem e reflitam. Falem para quem tem dúvida, briguem com quem concorda. Mesmo que usa algo natural, pois no mínimo esta contribuindo para o aumento da violência e manutenção do sistema podre que nos governa.

Segue um trecho da ex-mulher do Chorão:

"Isso é não é verdade. Eu lutei por ele até o final. Acabei perdendo a guerra para essa droga, que está acabando com todo mundo. Espero que isso sirva de lição para as pessoas"

Marcou minha geração e a mim. Com letras revoltadas, poéticas, de amor, de farra, de tudo que a juventude gosta. E claro, de protesto e de muita consciência Quem acha que ele era só um roqueiro skatista não conhece tudo que ele compôs.

"Tem que saber chegar... tem que esperar tua vez. Não deixe o mar te engolir".

Abrax.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Seriedade

"s.f. Qualidade do que é sério; gravidade de maneiras; inteireza de caráter"

Esta é a definição do dicionário Aurélio.

Alguém leu, nesta pequena sentença, cara feia? Terno e gravata? Fala rebuscada? "Cuidado com a imagem"?

Seriedade é um fundamento para a vida em sociedade. Seriedade é praticada a todo instante, não somente quando "se fala sério". Seriedade é o que (deve) reger todas as atitudes de uma pessoa.

Isso por que a seriedade não mora na aparência, ela mora na atitude. 

Confio muito mais na seriedade de um jovem de jeans rasgado e camiseta do que na seriedade de um velho de terno e gravata... sabem por que? Um sorriso displicente, muitas vezes, é mais sério do que uma cara feia. A diferença entre estas duas feições? A verdade, que só existe em um sorriso.

Seriedade em tudo na vida... não só no trabalho. No lazer também. No relacionamento. Em tudo. 

O Brasil não é sério.

Abrax.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Que fazer? - IEL

Direto do Blog do Juca 24/02/2013.

No “Estado de S.Paulo” de hoje:

UGO GIORGETTI

Tristeza. É o sentimento que se acumula à medida em que chegam as informações sobre o episódio da Bolívia. Tristeza por uma sociedade que enlouquece. Há muito tempo se pressentia isso, não é de hoje que, poetas sobretudo, vem avisando sobre a insanidade generalizada. “Vi as melhores mentes da minha geração, etc, etc.”

As melhores mentes e as piores agora se igualam na mesma loucura. Que eu saiba é a primeira vez que se mata num estádio para comemorar. É a primeira vez, que eu saiba, que se mata para celebrar um gol, que se mata por alegria, não por ódio. Alguém agarrou um objeto que já faz parte de sua vida normal, como um pente ou uma carteira, e comemorou. Esse objeto da morte era como sua corneta, ou seu tambor.

A morte já faz parte da coleção de pertences habituais, viaja conosco, vai a passeios, está sempre ali. E entra em ação. Sabemos que fere, que pode matar, mas isso é apenas uma advertência, escrita para não ser lida. Vira só um objeto. Para a coisa ficar mais absurda foi usado para matar um artefato concebido para salvar. Um objeto inventado para resgatar alguém perdido no mar que tem como sua última chance lançar no ar a luz salvadora.

Num filme, que está por aí, As Aventuras de Pi, há uma cena bastante elucidativa, de um menino, da idade do mesmo menino que foi morto no estádio, em pé, no seu minúsculo barco no meio do oceano, usando o sinalizador de forma desesperada na esperança de ser notado por um navio à distância. Ele lança o sinalizador, a luz sobe, sobe, e não se sabe onde vai dar. Avança sem rota definida pelo céu escuro e desaparece.

O sinalizador que atingiu o menino boliviano também saiu sem rota definida pelo estádio, e matou. O que foi pensado para salvar matou. Assim são as conquistas da técnica quando jogadas no meio da nossa loucura, que não sabe identificar nem entender corretamente o que tem nas mãos. Tudo vira arma.

E de absurdo em absurdo chego à seguinte questão: o que deve acontecer para que uma partida seja interrompida? Qual o limite de barbárie, qual a fronteira de humanidade, além da qual um jogo tem que parar? Certamente a morte absurda de um menino não é. Porque o jogo seguiu em frente. Os torcedores estavam perplexos e enfurecidos, mas nãos os dirigentes, não quem comanda os jogos.

São episódios de uma loucura que nos atinge a todos aqui neste país. No resto do mundo também, talvez. Mas o resto do mundo não me interessa, vivo aqui. E vejo com tristeza enorme certas mudanças. Sempre tivemos medo de jogar a Libertadores, de sermos recebidos a pedradas, de sermos agredidos por legiões de fanáticos em campos hostis e perigosos. Agora os perigosos somos nós. Agora nos temem como os novos bárbaros e nos temem até quando os visitamos.

Falava-se da Idade Média, sem razão, que era a idade das trevas. Não era. A idade das trevas está chegando agora.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

1 semana 2 mortes relacionadas a esportes.

Pistorius e marginal "corinthiano", trataram de fazer o esporte ser um fato incomum entre duas tragédias.

O esporte não é nada disso.

O esporte é vida, deve sempre ser lembrado por isso.

As duas perdas não são comparáveis a nada que se possa alcançar no esporte, somente ao seu objetivo principal: a vida. E duas se foram tragicamente.

O alerta fica por conta da falta de acompanhamento psicológico dos atletas e da banalização da segurança em geral. Os atletas saem de situações de profunda depressão e problemas sociais para se tornarem astros, e não recebem o devido acompanhamento, pois que os cerca só quer dinheiro e não o bem da pessoa por trás do astro. Nada justifica dormir com uma arma a mão, seja ela para matar baratas... nada. E a segurança pífia dos estádios e locais de competição. Em competições internacionais não se pode supor que os visitantes sejam tão pacíficos quanto os donos da casa (sim, a Bolívia é muito mais pacifica e segura que o Brasil. Lá existe respeito, e se anda pelas ruas tranquilamente). Permitiram que um marginal brasileiro adentrasse o estádio é cometesse uma estupides. Para que fogos de artificio e sinalizadores em estádios e em casas noturnas? É para chamar mais a tenção? É carência?

Estas pessoas que se foram não voltarão... Isso deveria ser motivo para que nada disso se repetisse. Mas a lógica da humanidade prega que "um nunca cometerá o mesmo erro do próximo sabendo o que foi feito". Claro, corretíssimo... por isso que as guerras não são passíveis de contagem.

Paro por aqui. Pois o ódio que sinto da humanidade anda bem aflorado esta semana. Somos um câncer que nada de bom trás a este planeta e o pior: Nem os princípios básicos de auto-preservação e proteção do semelhante praticamos mais. Não somos mais uma espécie, somos uma doença.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Romário: Copa para inglês ver - IEL


Publicado na Folha de São Pualo do dia 2/2/13


Romário: Copa para inglês ver

NÃO
O sucesso de uma Copa do Mundo de futebol vai muito além do que se vê. Arenas lotadas e jogos televisionados para o mundo todo representam apenas 10% desse grande espetáculo, que une povos e faz o planeta vibrar em torno de uma paixão.
Para um país, sediar uma Copa é uma oportunidade rara --a última no Brasil ocorreu há mais de 60 anos-- de estimular a economia, alavancar o turismo, melhorar a formação das pessoas, expandir e aperfeiçoar a infraestrutura, elevando-a a um novo patamar de acessibilidade.
Analisando esse conjunto de ações, é fácil chegar a uma conclusão: não, o Brasil não aproveitará todo o potencial da Copa.
Seria ingênuo imaginar que uma Copa resolveria todos os problemas de uma nação, mas também não é confortável constatar que o evento poderá aprofundar alguns deles. Assistimos na televisão a um comercial de cerveja que transforma esse sentimento de frustração do brasileiro em pessimismo. Mas não é pessimismo gratuito, é puro realismo de quem vive o dia a dia das grandes cidades. Sim, imaginem, durante a Copa, todos os nossos problemas estruturais agravados pelo fluxo de milhões de pessoas!
O pessimismo do brasileiro é calcado em fatos: a incapacidade dos gestores de planejar atrasou inúmeras obras e, por tabela, encareceu em alguns bilhões o custo do Mundial --R$ 3,5 bilhões, para ser mais preciso--, segundo o último levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU). Para se ter uma ideia do que se poderia fazer com esses bilhões excedentes, vamos fazer uma projeção.
Em 2010, o então presidente Lula anunciou a construção de 141 novas escolas federais de educação profissional ao custo total de R$ 1,1 bilhão. Os R$ 3,5 bilhões acrescidos ao valor total da Copa dariam, portanto, para construir quase 500 novas escolas técnicas no Brasil.
O excesso de gastos, no entanto, não é o pior dos cenários. O tão falado legado social para a população parece ter ficado só no papel. Quase todas as obras de transporte estão atrasadas, a inauguração de algumas, inclusive, já foi remarcada para somente depois do Mundial e outras foram canceladas.
Salvador foi a primeira cidade-sede a cancelar uma obra de mobilidade. A construção de um corredor de ônibus Bus Rapid Transport (BRT) foi riscada da lista de obras para 2014. Em seguida, Brasília cancelou a construção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
Há ainda os problemas de pouca visibilidade, mas grande impacto social, como as remoções involuntárias. O tema foi destaque no jornal "The New York Times", em março passado. O diário informou que 170 mil pessoas devem ser despejadas até a Copa do Mundo e a Olimpíada, para dar lugar a intervenções urbanas para os eventos. O problema é que as indenizações estão bem abaixo do valor de mercado e, quando são oferecidas moradias, as casas ficam a até 60 km de distância do local de origem.
Vale lembrar, ainda, a naturalidade com que os projetos das arenas desrespeitam a lei que exige 4% dos assentos para deficientes físicos e pessoas com mobilidade reduzida. Nos casos em que os projetos preveem reserva de vagas, elas se limitam à margem de 1%, mínimo exigido pela Fifa. Como se as decisões da Fifa fossem mais importantes que a legislação do país.
Depois de ter rodado o mundo inteiro e participado, in loco, de tantos mundiais, posso afirmar, com convicção, que um país só é bom para os turistas se, antes, for bom para o seu próprio povo.
Hoje, não consigo presumir nenhum problema que inviabilize o evento, mas tenho certeza de que os brasileiros ficarão decepcionados ao ver perdida mais uma ótima oportunidade de tornar este país um lugar melhor para se viver.
ROMÁRIO FARIA, 47, ex-jogador da seleção, tetra campeão mundial, é deputado federal (PSB-RJ) e membro da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O Fenômeno e o Falcão - Juca Kfouri - IEL

Para começar, um post do Blog do Juca Kfouri de 31/01/13.

O Fenômeno e o Falcão.



Que Ronaldo, embora aparentemente disposto a virar pauteiro, não entenda qual seja a função da imprensa é compreensível.

Ele prefere que não se publique que a Copa do Mundo, prometida como a Copa do capital privado, se transformou na Copa do dinheiro público, inclusive, e principalmente, na construção dos 12 estádios que a sediarão. Dos 12!

O Fenômeno quer também que não se noticie que boa parte do legado previsto em infra-estrutura e mobilidade urbana já foi cancelada.

Certamente deseja, ainda, que os relatórios do TCU permaneçam em sigilo.

Difícil mesmo é explicar por que o deputado Rui Falcão, presidente do PT, bate na mesma tecla, ao dizer que as denúncias da imprensa contra a classe política nos aproxima, como país, do nazismo.

Ele não pensava assim quando os jornais denunciavam outros partidos no poder e Lula dizia que havia 300 picaretas no Congresso Nacional.

Porque Falcão é também jornalista, e até dirigiu, entre 1977, em plena ditadura, e 1988, a redação da revista “Exame”, baluarte do capitalismo.

Que há muito a se discutir sobre o papel da imprensa no Brasil democratizado está mais que óbvio.

Mas, devagar com andor.

Porque se pimenta nos olhos dos outros é refresco, imprensa é oposição.

O resto é armazém de secos e molhados, como ensinou Millôr Fernandes.

Espaço para imprensa esportiva livre.

Olá,

A partir de hoje, além de meus textos, colocarei aqui também textos de outros autores, devidamente referenciados e lincados. Serão textos sobre esporte ou sobre assuntos que remetam ou afetem os esportes em geral. Mas o mais importante: serão textos livres, onde os autores denunciam e falam o que pensam sem se preocupar com censura dos meios de comunicação tradicionais.

Colocarei a sigla IEL, de Imprensa Esportiva Livre no final dos posts que não forem escritos de punho próprio.

Abrax.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A vingança de Lance e o precedente.

Tudo como o previsto: o carinha dos olhos juntos confessou o que já era comprovado desde outubro passado.

E ainda tinha muita gente que achava que ele era inocente, que era perseguição da USADA e da WADA.

Confessou, fez cara de abatido. Mas isso era mesmo para se sentir melhor? Para estar em paz consigo mesmo? Me parece que não.

A atitude de Lance está se mostrando um caso de pura vingança. Tudo indica que agora ele irá usar todas as suas forças (restantes e sem EPO) para acabar com o ciclismo. Como? Tentando provar que a UCI sabia do dopping e fazia vistas grossas. Simplesmente, isso pode tirar o ciclismo das Olimpíadas  Um sinal bem claro já foi dado por um alto diretor do COI.

E muita gente achando que se tratava de amor, suor, superação... tudo isso tem limite sim. O que ele fazia, com a falta de consistência que fazia, depois da doença que teve, só podia ser artificial. Mas ele vendeu bem, por longos 14 anos ele vendeu muito bem.

E se preparem para mais surpresas. O caso Lance abriu um precedente sério para julgar a retroatividade do dopping. Muito ídolo vai para lama em breve, pois existem amostras de urina congeladas, mundo a fora, desde o meio da década de 80. Carl Lewis é um dos que está na lista. Os investigados deverão ser os atletas que ganharam muitas provas/jogos da década de 80, 90 e 00. Para os poucos multicampeões dos anos 00 e 10 este tipo de investigação deverá ser pouco efetiva, pois os procedimentos já são bem diferentes e muito eficazes em combater o dopping.

O uso do monitoramento por passaporte biológico torna quase impossível o dopping em Phelps, Messi, Bolt e Brownlee, pois estes são submetidos a exames constantes, aleatórios de  múltipla abordagem (sangue, urina e biópsia) desde o início da carreira profissional. E mesmo sem resultados positivos estes poderiam ser investigados, caso sua performance destoasse do padrão. Como são campeões desde sempre e se mantem no topo, muito provavelmente estão limpos. A segurança na minha afirmação baseia-se na teoria do controle: se alguém burlar esta teoria, tudo vai pelo cano.

Certamente teremos cenas dos próximos capítulos...

Abrax.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Brasil, o país do....... (desabafo)

Segundo slogan da época do inocente Lula era país do futuro. Mas antigamente foi país do futebol... ainda é na verdade. Mas bem que podia ser país da seriedade. Ia ser uma tremenda hipocrisia, mas ia ser mais bonito.

Em tempos onde abrimos um jornal e as manchetes são: Beijo gay vetado na TV; Cena com maconha liberada na novela;  É, acho que país da hipocrisia seria melhor mesmo, afinal o que é certo é errado e o que é errado é certo. Aqui pelo menos é assim.

Como alguns já sabem, há um ano estou morando no Rio. Sempre vivi em São Paulo e esta saída, apesar da saudades da família, permite ver o nosso país de uma outra maneira. Mais crítica obviamente. Não existe lugar melhor ou pior aqui, o que existe é o Brasil. A rigidez do sul, a tranquilidade do nordeste, a pompa do paulista ou a displicência do carioca: é tudo fachada. O país não é sério em lugar algum.

Fiz esta ressalva pois vou ter que criticar mal, muito mal o Rio. Mas fiquem sabendo que seria igual em qualquer lugar deste medíocre e larápio país em que vivemos.

Ao contrário de toda a lógica do espírito olímpico e a favor dos interesses comerciais o Brasil vai receber uma copa de futebol e uma Olimpíada no próximos anos. Em resumo, não merecia nenhuma delas, pois o único legado que será deixado estará no bolso de algumas pessoas sem escrúpulos.

Pois bem, para a Copa, estádios estão sendo erguidos e reformados, entre eles o saudoso Maracanã... saudoso? Ilustre? Tivemos uma copa na qual perdemos a final neste estádio e a mídia acha que ele é um Olimpo???? A reforma está custando o mesmo que fazer 3 ou 4 estádios novos e tudo bem? E o melhor: vão destruir o Complexo de piscinas Julio Dellamare, que já recebeu inúmeras copas do mundo, com muitos campeonatos para brasileiros, e o Complexo de Atletismo Célio de Barros, que já recebeu inúmeros Grand Prix também com vitórias do Brasil.... para deixar de pé um estádio que celebra uma grande derrota?????

Bem, já seria trágico perder estes dois centros de referência no esporte se não fosse acontecer uma OLIMPIADA 2 anos depois, na mesma cidade. É alguma piada? Não, é o Brasil.

Na boa? Quem me enviar aquela cartinha de um suposto estrangeiro que enaltasse o brasileiro que vá pra p... que p...!!!

Enquanto ficarmos sentados lendo isso e não formos pra rua, de verdade, mostrar pra corja de políticos quem é que manda no país, tudo continuará do mesmo jeito. Mas não adianta eu ou mais 1 irmos. É preciso união. Você que não concorda, procure saber como se deram as grande mudanças populares no resto do mundo antes de defender o seu ponto de vista, que é igual ao dos políticos que você elege.

Abrax.


PS: Foi um desabafo... em breve volto com algum cometário sobre a "declaração" de Lance.... Aliás, tenho quase certeza que ele é brasileiro.. e não desiste nunca!