segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Freestyle


Freestyle
Liberte-se! Nem só de provas vive um triathleta.

Por Emiliano Castro de Oliveira

Treinar, treinar e competir. Esta é a rotina de um triathleta... Será? Poucos atletas têm uma rotina de treinos tão complexa quanto à de um triathleta, com variações de intensidade, volume e períodos de treinamento. E toda essa rotina acaba por girar em torno das competições. Mas será que só somos triathletas quando vamos a competições?
Certa vez fui questionado por um colega: “Você é triathleta, logo você treina os três esportes todos os dias?”, respondi: “Não. Apenas em ocasiões de treinos especiais e em provas...todos triathletas fazem assim”, e ele, novamente: ”Ahh então vocês só são triathletas de vez em quando...ou quando tem uma prova. Preferi jogar bola, pois vou e jogo quando quero”. De toda está indagação, provavelmente ouvida por outros triathletas, o que mais me chamou a atenção foi o fim: vou quando eu quero.
Se observarmos o que nos levou a praticar o esporte, provavelmente vamos retornar a uma situação de frio na barriga diante da possibilidade de ir a uma competição esportiva onde as pessoas nadam, pedalam e correm, e que naquele momento parece ser algo impossível. Desta forma, recorremos a um treinamento inicial, na maioria dos casos, erroneamente, por conta própria, que nos fará capaz de no dia do dado desafio ser capaz de fazer o impensável. Apenas no dia, no dia da prova.
Ao cumprirmos este desafio, imediatamente passamos a procurar outro, seja realizar a competição em um tempo menor seja ir a uma competição com maiores distâncias, no segundo caso, retornando ao início de tudo, com frio na barriga e todas as mesmas incertezas. E depois? Acredito que para as pessoas “normais” este ciclo acaba com uma prova de Ironman, e após esta, como fica a vida esportiva de um atleta que venceu todas as distâncias? Um atleta que não tem que provar para si mesmo que é capaz. Bem, para uma parcela, o ciclo começa de novo, só que buscando tempos menores em todos os desafios. Para outra parcela, chega de triathlon.
Como quebrar este ciclo? Talvez a frase “vou quando eu quero” seja uma resposta. Parece obvio, mas quantos de nós já fizeram um triathlon por conta própria? Simulados em equipe não contam. Eu digo acordar, pegar seu material, ir para algum lugar e fazer um triathlon. Isso é o triathlon freestyle. Realizar o esporte sem provas, sem interferências, sem adversário, sem ter que pagar uma fortuna por 1 hora de competição, apenas você, o percurso e uma coisa que não será encontrada em lugar algum: liberdade.
Pode parecer algo sem graça, mas você é triathleta por amor ou por que as competições também são eventos sociais? Tem a mente forte? Então por que não encara um Meio Iron sozinho, sem torcida, tudo por sua conta? Por que ser triathleta apenas quando o calendário mandar e não quando você quiser? Estas perguntas podem ser respondidas por você mesmo, encarando mais este desafio.
Escolha um dia, um local agradável, uma metragem de acordo com a sua condição física e faça! Curta o momento do real desafio pessoal: você contra você. Ao término, sem ninguém para olhar para você, você verá o quanto você tem a mente forte e gosta do esporte. Portanto, mexa-se! Liberte-se! Seja Freestyle!

Dicas:
·         Escolha um lugar seguro, que permita realizar as três modalidades sob forma de circuito, pois possivelmente você precisará se abastecer na transição.
·         O lugar pode ser uma praia, um lago ou um clube. Freestyle indoor também vale!
·         Uma casa, um carro, ou um vestiário são ótimas transições, é só ser organizado!
·         Deu certo? Gostou? Então leve um amigo triathleta com você na próxima vez!

Emiliano Castro de Oliveira é geólogo, estudante de doutorado da Universidade de São Paulo e triathleta há 7 anos. Já correu de short triathlon a Ironman e seu maior desafio freestyle foi um 2 km de natação, 100 km de ciclismo e 21 km de corrida, tudo dentro do campus da USP, com transição no carro e natação no CEPEUSP.

Texto publicado originalmente na revista TRISPORT, Agosto de 2010.

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